Como mencionado num texto anterior, somos favoráveis à privatização de empresas e bancos estatais, por entendermos que os benefícios para a sociedade são muitos, tanto do ponto de vista dos acionistas, como dos contribuintes, dos clientes e dos próprios funcionários.
Neste post, tentaremos avaliar a real contribuição da Petrobrás para a sociedade e qual poderia ser essa contribuição se a empresa fosse privatizada.
A Petrobrás tem hoje um valor de mercado de aproximadamente R$360 bilhões. Com a recente capitalização, o governo conseguiu a proeza de aumentar sua participação de 32% para algo como 48%. Dessa forma, o governo tem R$170 bilhões em ações da Petrobrás.
Por conta da gestão totalmente politizada da empresa, a ação apresentou uma das piores performances entre as listadas na Bovespa, com queda 34% nos últimos 12 meses (enquanto o Ibovespa teve alta de 7% no mesmo período e a Vale teve alta de 20%).
Se a Petrobrás fosse uma empresa bem administrada, eficiente e livre de interferências governamentais, seria razoável imaginar que valesse em bolsa algo como R$500 bilhões, e a participação do governo valeria então R$240 bilhões. Essa premissa decorre de comparações entre a Petrobrás e outras empresas globais de petróleo.
Supondo a venda dessa participação do governo, este valor poderia ser usado para diversos fins: investimento em infra-estrutura, saúde, educação, transportes e redução da dívida pública.
Primeiramente, vamos assumir que todo o dinheiro fosse usado para redução da dívida pública. Considerando o custo atual da dívida em aproximadamente 10% ao ano, teríamos uma economia de uns R$24 bilhões em juros por conta dessa redução do estoque. Só para se ter uma idéia, a Petrobrás rende ao governo dividendos de aproximadamente R$4 bilhões por ano. Em outras palavras, o povo brasileiro abre mão de R$24 bilhões de economia de juros em favor de R$4 bilhões em dividendos. Não faz sentido algum.
A redução da dívida também teria efeito positivo sobre a percepção de solvência do País, então é razoável imaginar que o custo da dívida remanescente também cairia. Vamos supor que a melhora fosse de apenas 1 ponto percentual. Economizaríamos mais R$2,5 bilhões por ano.
Teríamos então um efeito positivo de aproximadamente R$22,5 bilhões por ano. Isso corresponde a quase duas vezes o custo anual do Bolsa Família!
Vamos agora supor que o governo esteja tranqüilo com o nível atual da dívida pública bruta (que está em 60% do PIB) e prefira aplicar o dinheiro todo em infra-estrutura. A taxa de investimento público hoje não chega a 1,5% do PIB, ou aproximadamente R$34,5 bilhões. Essa economia gerada pela privatização da Petrobrás permitiria ao governo aumentar o volume de investimentos em mais de 60% sem qualquer impacto na dívida pública. Imaginem os benefícios da aplicação desse dinheiro em portos, aeroportos, ferrovias e rodovias.
No próximo texto, continuaremos explorando os benefícios da privatização da Petrobrás para os contribuintes, fazendo um exercício sobre o aumento da arrecadação de impostos decorrente do provável aumento de faturamento e lucro da empresa livre de interferências políticas, e considerando também que o Estado brasileiro não estaria mais pagando para si próprio quase metade dos impostos gerados (uma vez que hoje ele próprio é dono de metade da empresa).
 
Nenhum comentário:
Postar um comentário